sábado, 16 de outubro de 2010

Milhouse no Hangar - sangue, suor e lágrimas (ou não)

Esse é o motivo pelo qual só temos fotos de antes (não, a culpa não é do Titi)

Como quando a gente ganhar o Grammy o tempo para discurso não será suficiente pra explicar tudo isso, decidi destrinchar aqui as famosas frases “só chegamos aqui com muita garra”, “fazemos isso por amor à música” e, principalmente, “gostaria de agradecer a todos os que apoiaram a banda”. Pegue seu lencinho e o CD do Kenny G.
“Só chegamos aqui com muita garra”
Literalmente. Você tem idéia do que é pegar o trânsito das 6 da tarde em São Paulo numa sexta-feira e chegar próximo à avenida Tiradentes, uma das mais movimentadas? E, no entanto, esperar ansiosamente pelo momento desse congestionamento?
Pra estar no Hangar 110 na última sexta, a Milhouse passou por uma seletiva do Festival Zona Punk Teenage Riot. Tivemos que investir pesado em divulga, arrastar todos os nossos amigos pra lá e conquistar o posto de banda mais votada da noite. Depois disso, enfrentamos um baque: na data acertada pra tocar no Hangar, nosso guitarrista capixaba Gabriel não conseguiria estar em São Paulo. Muitas tentativas de trocas de passagem e negociações à parte, decidimos tocar mesmo assim como um trio.
Fomos sorteados como a segunda banda. Eu cheguei de táxi com todas as ferragens de bateria. O Titi foi de metrô e o Fred, de busão. O problema é que, quando a Cine Flórida - a primeira banda a tocar (muito boa por sinal!) - terminou, o Fred ainda estava saindo do Terminal Princesa Isabel, preso no bumba. Começamos a montar as coisas no palco até o momento em que o rapá irrompeu correndo pelo backstage do Hangar, esbaforido, e só teve o tempo de plugar o baixo. E aí fui acertar os tambores e minha amada caixinha decidiu dar pau exatamente nessa hora. A esteira travou e não havia Cristo que a fizesse funcionar.
“O amor à música e toda essa churumela”
Um mês antes eu havia ajeitado tudo, trocado pele, parafusado, enroscado, arrumado a bagaça toda. E aí, quando as cortinas vermelhas se abriram, eu estava com uma caixa com barulho de bateria de criança. O Titi começou a pular freneticamente, caiu no chão e deu o tom do show. Nunca pulamos tanto, batemos tanto em nossos instrumentos. Foi só suor. E sangue: meu dedo arrebentou em alguma parte desse trajeto.
O som do lugar é, de longe, um dos mais legais que tivemos. Eu ouvia os meninos e, pra quem já esteve atrás de um kit de batera em algum buraco da vida, sabe que isso é uma dádiva. Ouvia erros, acertos, exaltações. A estrutura da batera também foi bem legal e, se não fosse pela minha maldita esteira travada, teria sido de longe um dos sons mais legais que já tirei.
“E todos que apoiaram a banda”
Alguns amigos conseguiram chegar a tempo. Ouvia gritos de apoio e palmas naquele espaço no qual eu já tinha visto tanta gente bacana tocar (os Titãs, inclusive). Meu querido namo tentou gravar Funk do Nerd com o celular, e aos poucos as caras amigas foram aparecendo, uma a uma. Alguns só conseguiram chegar na última música, e valeu pela breja que a gente tomou junto depois, quando a adrenalina de toda a confa começou a baixar e, aos poucos, minha pressão e o coração voltaram ao normal. Todo mundo acabou a noite rindo, bebendo e rodeado de gente mais que especial.
Aproveito também pra agradecer ao pessoal da Zona Punk, ao Alemão do Hangar e à neguinha, a gatinha preta da qual eu ganhei um chamego gigante já na entrada. E com esse momento miguxo, deixo vocês com nosso set list:
Cara Cool
Funk do Nerd
All You Nedd is Love
Não Nasci pra Essa Cidade
No Meu Quarto
DEM Roubou meu Neném
Tu, Amigo
Dormi na Praça
Balada do Corno