Praga de Mãe, 2001
Pré-História
Penápolis uma pequena cidade de cerca de 60.000 habitantes. Deserto roqueiro onde se encontrava o maior combustível para as bandas de garagem: o tédio. Sem muitas opções de lazer não havia outra escolha a nãe ser se trancar em casa e rolar um som.
A cena toda se iniciou na segunda metade da década de oitenta: as vilas da cidade fervilhavam, gangues de metaleiros brigavam entre si e se reuniam para ouvir death e trash metal. Nessa época surgiu a banda "Bárbaros do Metal". Chegou a rolar um certo intercâmbio com as cidades próximas como Araçatuba. Ocorreram alguns pequenos festivas precários nas vilas e até o Clube Corinthians tinha noites dedicadas ao rock. O undeground estava forte.
Apesar dessa euforia inicial, com o fim da sua única banda, a cena se desfez aos poucos. As brigas entre as gangues também acabaram pichando o movimento. O rock voltaria apenas no início dos anos 90, saindo um pouco da periferia e migrando do metal para o punk.
Primeira geração
Hëllisch, 1996
Por volta de 1990, surgiram duas bandas fundamentais para a cena local: N.D.A. e Hëllisch. A Hëllisch surgiu de uma brincadeira entre amigos. Era uma galera que sempre se reunia: roqueiros, fãs de Ramones, adolescentes sem ter o que fazer. Eles se encontavam na escola "OCEU Positivo" e ficavam rolando som com os instrumentos da fanfarra, tudo na brincadeira e sem qualquer noção musical. Foi uma alegria pra galera quando eles conseguiram tirar o primeiro som dos Ramones. Dessas jams surgiu a banda Orgasmo de Mandruvá, ainda com Alberico, que daria origem a Hëllisch. A Hëllisch foi a primeira, e por muito tempo única, banda de punk rock da cidade. Tocavam basicamente Ramones, mas também Raimundos, Sex Pistols e outras. Junto a Hëllisch surgiu o N.D.A., banda de pop/rock formada por Fernando, Rodrigo e Lucas Cazzela. As duas bandas tocaram por muito tempo sozinhas, sempre buscando novos lugares para se apresentar e reunindo cada vez mais roqueiros. Com a saída de Alberico, o Hëllisch passou a contar com Caio, no vocal; Cotonete, no baixo; Sassi na guitarra e Ifo, na bateria. Era um tempo de camaradagem e extremo amadorismo, com a turma sempre junta.
Posteriormente, Ifo saiu e quem assumiu a baqueta foi o camarada da banda, Pio. Havia toda uma galera junta da banda como Gilson "Punk", André "Hëllichato" e as amigas Fernandas ou as "The Fers". Em 1996, a cena se fortaleceu com a volta das bandas de metal. Primeiro o thrash do Kreusá, formado por Eduardo "Vermeyo", Miguel Podre e Evandro e depois o MIND de André "Ramone" Gubolin(o Hëllichato), André Sinistro e Deley. Depois o Kreusá se tornaria HellFire, uma das melhores bandas da cidade, que contava ainda com Pevi no baixo.
A cena ia se expandindo e conquistando novos espaços: bares, escolas e praças. Valia tudo para tocar ao vivo. O N.D.A ficou célebre pelos covers de Mamonas Assassinas, incorporando, inclusive, a performance bem-humorada da banda nos palcos, com fantasias e tudo mais. Com o fim do N.D.A, Lucas formou a Tuna com Sandro, Ivan e Turcão. A banda madava covers de rock nacional e internacional, alternando um set acústico com rock mais tradicional. Entre 1997 e 1998, surgiria o Dr. Ratazana, formada por jovens de classe média que estudavam no colégio "Coração de Maria". A banda fazia um som punk pop/grunge, com covers de Green Day, Nirvana e Raimundos. Inicialmente formada por Alexandre Soares, Matheus, Daniel "Pará" e Mancuso, logo o Ratazana teve sua formação alterada. A banda iria ensaiar com a bateria emprestada de André Ramone, cuja banda MIND havia terminado. André acabou tocando um pouco no ensaio e, como Mancuso não sabia tocar direito,acabou ganhando seu lugar... Estrearam em um show antológico no "Colégio Coração de Maria" pra um bando de pirralhos empolgados. Essa foi uma das melhores apresentações da banda que quebrou tudo. Outro bom show foi um festival no antigo Kai Kan, que reuniu o Dr. Ratazana, o 1,99 e o HellF|ire. O HellFire, inclusive, em grande forma e com um público fiel que havia sobrado das sementes plantadas pelos metaleiros das vilas da cidade. Mas, sem dúvida, o festival que melhor representou essa geração do rock de Penápolis foi o "Urbano Acústico: Concerto de Férias" realizado, óbvio, durante as férias escolares. Tuna, Dr. Ratazana, HellFire e Hëllisch(com Cotonete na bateria) subiram no palco nessa ordem e fizeram a "Avenida", principal point dos jovens penapolenses, tremer com 5000 watts de potência. Nessa época, algumas bandas já tinham fita demo, caso do Dr. Ratazana e da Hëllisch.(Pioneira nas fitas demo e que posteriormente gravou também um cd independente). Logo o Dr. Ratazana acabou e André ficou tocando em duas bandas o 1,99(depois Katalepsya) com Bicão e Igor, e a Jam, um projeto deles com Cotonete. Em 1999, Igor se afastou rapiddamente da Katalepsya e entraram Gabriel e Fábio. A banda passou a tocar metal - de Iron Maiden à músicas próprias de death metal, mas logo Igor voltou e Katalepsya e Jam se fundiram.
Com o fim do Ratazana, Matheus entrou na Hëllisch e Pará no Sandman, banda criada por Lucas Cazella para dar prosseguimento ao seu trabalho com a finada Tuna. Tocavam com eles, ainda, Sandro e Bruno Campanha.
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